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Palestra na UCP fala sobre capacitação para a criação de espaços inclusivos e acessíveis para pessoas autistas

23 de maio de 2024

Nesta quarta-feira (22.05), o curso de Arquitetura e Urbanismo da UCP promoveu a palestra Reunião Secreta para Arquitetos e Futuros Arquitetos: Autismo e Acessibilidade, um encontro com as professoras Danielle Inocencio e Alline Serpa onde o público teve a oportunidade de aprender e explorar o universo do autismo e da neurodivergência com intuito de promover a conscientização sobre a acessibilidade para todos. O evento aconteceu no Campus Dom Cintra.

A palestra teve como objetivo promover essa conscientização e o início de uma jornada de capacitação desses profissionais para a criação de espaços inclusivos e acessíveis para pessoas autistas e com outras condições neurodivergentes. Apesar do mês da conscientização do autismo ser em abril, o evento aconteceu propositalmente em maio para mostrar que esse trabalho deve ser diário.

“A conscientização é um dever diário e não pode ser restrito a um mês. A inclusão não se trata apenas de garantir a presença física de todas as pessoas em um determinado espaço, mas também de proporcionar condições para que elas possam participar plenamente e de forma significativa. Isso requer pensar estratégias de adaptações que atendam às necessidades, sejam elas relacionadas à mobilidade, organização, comunicação, sensorialidade ou outras características específicas”, explica a professora Danielle Inocencio, que também é psicomotricista.

A palestra falou sobre a compreensão do autismo a partir dos critérios diagnósticos e a crescente demanda por serviços de suporte ao autismo, visto o aumento da quantidade de casos diagnosticados. As professoras focaram nas características do autismo com ênfase nos desafios sensoriais e de adaptação ao ambiente para avançar no debate sobre qual é o papel do arquiteto no contexto da neurodivergência.

“A intenção de fazer esse encontro com arquitetos e urbanistas, no caso dos alunos, e aí incluíram-se também alunos da engenharia, é sensibilizar que o pensar sobre o espaço arquitetônico, paisagístico e urbanístico, nas escalas em que a gente atua, precisa incluir dimensões muito mais sensíveis do que as estruturas que fazemos. Ou seja, os ambientes precisam ser preparados para uma inclusão muito mais ampla do que as noções básicas de acessibilidade”, pontua a professora Alline Serpa, destacando a importância de entender essas necessidades.

“Para nós, arquitetos, é fundamental entender esse público com necessidades específicas, especialmente do ponto de vista sensorial. Estamos falando de conforto ambiental, de maneira aprofundada, ligado às sensações: visão, olfato, todos os nossos sentidos para falar melhor, que supostamente são toleráveis para quem não tem os transtornos. Mas que para pessoas autistas, por exemplo, a depender do grau de suporte, elas podem perder o foco; podem se sentir reprimidas; desconfortáveis; podem entrar em crise. Então, a gente está falando da produção de ambientes que atenuem ou que acomodem melhor as necessidades dessas pessoas”, ressalta.

No evento, também foram levantados quais são os espaços passíveis de adaptações para essas pessoas: o ambiente domiciliar, o ambiente de uso coletivo controlado e o ambiente de uso coletivo público. Creches, escolas e espaços de educação em geral; shoppings, igrejas, centros de recreação e cultura; terminais de transporte; espaços de grande circulação; repartições em geral; órgãos públicos; cemitérios; hospitais; clínicas e consultórios.

“A neurodiversidade está aí! Estamos num momento histórico onde nunca se falou tanto e tão abertamente sobre a condição neurológica das pessoas. Isso representa um avanço social, onde a diversidade é respeitada e aceita. São pessoas que consomem serviços, participam da vida produtiva e demandam espaços e condições específicas, e a promoção de espaços que contemplem todas as pessoas é responsabilidade do arquiteto e urbanista”, frisa Danielle Inocencio.

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